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O conceito ESG, que leva empresas a se destacarem no mercado financeiro por suas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa, vem se popularizando no Brasil.

Ainda que os pilares sejam claros, é natural que algumas dúvidas surjam na hora de implementar as ações.

O importante é entender bem o que representa ser uma empresa ESG, a diferença entre esses três eixos e como atuar de forma consistente na gestão do pilar social.

Para as empresas de transporte e logística, um caminho é o Programa de Prevenção de Acidentes, que promove impactos positivos a longo prazo.

Quem atua neste segmento sabe que os riscos envolvidos na operação são um ponto sensível. A boa notícia é que no princípio ESG, as organizações têm a possibilidade de variar a abordagem do fator S (social) de acordo com seu perfil corporativo.

Para empresas de transporte e logística, enfatizar a segurança e a prevenção é uma excelente alternativa ao ingressar no universo ESG.

Neste artigo, vamos entender melhor os princípios ESG e como fortalecer a gestão social a partir de um Programa de Prevenção de Acidentes que reduza os riscos, priorize a vida, fortaleça a marca e aumente a reputação da companhia.

Princípios do ESG

O ESG – da sigla em inglês Environmental, Social and Corporate Governance (ambiental, social e governança corporativa) – representa um conjunto de ações que norteia as decisões das empresas e seus investimentos.

Seus princípios são:

  • Fomentar o desenvolvimento sustentável.
  • Melhorar a relação com o meio social e seus stakeholders.
  • Cumprir as regras de compliance e governança corporativa.

O conceito começou a ganhar força nos últimos anos, mas ainda causa dúvidas e muitas empresas não sabem exatamente por onde começar na hora de implementar um sistema ESG.

O fato é que adotar boas práticas ESG é um excelente caminho para quem deseja ganhar valor do mercado.

Quando surgiu o termo ESG?

Citado em 2005 no artigo “Ganha quem se importa”, assinado pelo economista Ivo Knoepfel, da onValues, consultoria suíça de estratégia e investimento, o conceito ESG passou a ser mais amplamente difundido no final da última década.

Na ocasião, Knoepfel mostrou que as empresas preocupadas com a conservação ambiental, as causas sociais e a governança corporativa apresentam melhores resultados. Ou seja: quem se importa com essas boas práticas, “ganha” – como sugeria o título do artigo.

Desde então, mais e mais companhias passaram a dar atenção ao tema, mostrando à sociedade o quanto essa política representa para a integridade da marca e como a ética, a transparência e os valores ambientais contribuem para a perenidade de um negócio.

Sendo assim, as empresas ESG passaram a se destacar, com vantagens como:

  • Maior interesse de investidores;
  • Competividade de longo prazo;
  • Potencial reduzido de risco para quem investe;
  • Melhor avaliação da empresa no mercado.

Diante destes resultados, as organizações começaram a prestar atenção no que estas três letras podem representar.

Uma empresa ESG se torna mais atrativa para novos investimentos, já que as práticas adotadas proporcionam visibilidade e podem gerar ganhos consideráveis às organizações.

No caso de companhias listadas em bolsas de valores, isso representa ainda mais força, já que a cobrança por parte de acionistas e fundos de investimento vêm se intensificando quando o assunto é a gestão voltada à sobrevivência dos negócios a longo prazo.

Internacionalmente, grandes investidores não têm injetado capital em companhias despreocupadas com o ESG – e essa tem sido uma tendência mundial.

No Brasil, a Bolsa de Valores, a B3, virou referência em 2020 ao criar o S&P/B3, um índice de sustentabilidade que indica as empresas brasileiras alinhadas ao conceito.

Pilares da Governança ESG

Sustentado por três fundamentos, o ESG coloca as empresas em evidência baseado em três vertentes:

  • E (Environmental – ou Ambiental): preocupação com as questões ambientais, como o consumo eficiente e inteligente dos recursos naturais (água e energia), descarte de resíduos, tratamento de efluentes, meios de produção, emissão de gases de efeito estufa etc.
  • S (Social): concentração no respeito à diversidade, necessidades de seus colaboradores, relacionamento com os demais stakeholders (fornecedores, clientes, parceiros de negócios etc), campanhas de segurança e prevenção, missão e valores da companhia.
  • G (Corporate Governance – ou Governança Corporativa): manutenção de políticas de respeito aos direitos de acionistas e conselhos, atuação de forma ética, adequada às práticas anticorrupção e em conformidade com as normas e legislação vigente.

As empresas que conseguem fortalecer o conceito ESG têm melhor desempenho e demonstram mais confiabilidade e estabilidade diante de cenários de incerteza e períodos de crise, como o provocado pela pandemia, por exemplo, porque estão mais estruturadas e contam com pilares sólidos.

O ESG representa o desenvolvimento sustentável e o investimento social ligado à missão e à atuação das companhias. Para implantar o sistema e atrair mais investidores, o primeiro passo é se filiar ao movimento de sustentabilidade empresarial: o Pacto Global da Organização das Nações Unidas.

Neste caso, é necessário buscar um escritório das Nações Unidas mais próximo e se tornar uma empresa signatária do Pacto, assinando o termo de compromisso da Agenda 2030 – que contempla 17 objetivos de desenvolvimento sustentável a serem atingidos na próxima década.

São princípios universais nas áreas de Direitos Humanos, Meio Ambiente, Trabalho e Anticorrupção e ações que contribuem para a solução dos problemas da sociedade.

Depois de assumir o compromisso com o Pacto Global, as empresas estruturam seus índices de sustentabilidade e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Outro passo é criar um comitê com os departamentos de responsabilidade social, sustentabilidade, inovação e recursos humanos. A próxima etapa é a de investimentos em projetos, acompanhamento, mapeamento e a comunicação dos índices ESG de forma assertiva e transparente.

Erro mais comum quando se fala em ESG

Empresas ESG apostam no princípio da responsabilidade corporativa. Pelo menos é assim que deveria ser. Por isso, o maior erro é levantar essa bandeira e não fazer jus ao que está sendo dito. Em outras palavras: prometer e não cumprir.

Há inclusive um termo usado para definir esse comportamento. Empresas que praticam o greenwashing – ou seja, afirmam ter valores e usam apenas estratégias de marketing para forjar sua imagem – estão colocando em risco o negócio.

Não custa lembrar que ao se dizer uma empresa ESG, é necessário comprovar uma série de requisitos.

Impacto nos investimentos

De acordo com a Global Sustainable Investment Alliance, uma rede de colaboração entre organizações com foco em investimentos sustentáveis, cerca de US$ 30 trilhões de ativos globais estão investidos atualmente em estratégias associadas ao ESG.

Nas próximas duas décadas, os investimentos ESG devem chegar a US$ 50 trilhões. Para os executivos da BlackRock, a maior empresa de gestão de ativos do mundo, as organizações serão incapazes de gerar lucros no longo prazo se não tiverem um propósito e não levarem em conta as necessidades de seus stakeholders. Propósito, disse Laurence Fink, CEO da BlackRock, será o motor da lucratividade.

Como já vimos, ESG é um tema em alta no mercado já que oferece:

  • Potencial de valorização das ações da empresa;
  • Redução dos riscos de investimento;
  • Aumento da transparência nas relações com os stakeholders;
  • Maior competitividade de longo prazo;
  • Valorização da marca.

Não há como negar: este é um conjunto de resultados bastante positivo e motivador para que as companhias apostem no sistema ESG.

Tendências e desafios na segurança

Práticas ESG com foco social

Antes de falarmos especificamente do ESG social – nosso foco hoje, vamos recapitular: o eixo E trata da performance nas questões ambientais e garantia da sustentabilidade das operações, qualificando a relação com os recursos naturais.

No pilar G, de governança, estão os posicionamentos ligados à gestão e ao compliance. Já o S, de social, diz respeito à forma como a empresa gerencia seu relacionamento com os stakeholders, sejam eles colaboradores, fornecedores, clientes, parceiros de negócio e toda a comunidade.

Na relação com os colaboradores, o pilar social do ESG pode representar garantias para a segurança do trabalho, treinamentos, respeito à diversidade, inclusão, etc.

Aos clientes, a prestação de serviços de qualidade, com entregas eficientes, também está enquadrada neste tripé de responsabilidade social.

Para a comunidade, ações de cunho social e educacional, premiações, patrocínios, eventos esportivos ou outras iniciativas em prol da sociedade são exemplos que se enquadram no eixo S. Seja como for, o ponto focal está na melhoria do relacionamento com o público envolvido ou impactado de alguma forma pelas operações da empresa.

Falando mais especificamente de segurança, imagine que um acidente com um caminhão da sua frota pode colocar em risco não apenas a vida do colaborador, mas também de outras pessoas que trafegam na rodovia.

Neste aspecto, um bom Programa de Prevenção de Acidentes é essencial, pois a empresa vai zelar não somente pelos profissionais (sejam eles próprios ou terceiros), mas proteger inclusive a vida daqueles com os quais nem se relaciona diretamente: outros motoristas ou pedestres que estejam no local.

Nunca é demais reforçar que os impactos das ações ESG vão além dos muros da companhia. É por isso que os pilares ESG têm tanta importância e amplitude.

PPA, um aliado na gestão social

No setor de transporte e logística, muitas empresas enfrentam o desafio de amadurecer e fortalecer seu pilar social. Já falamos sobre a importância do Programa de Prevenção de Acidentes e como as medidas de segurança individuais e coletivas trazem importantes resultados ao cuidado com a vida.

Atingir um bom desempenho neste pilar é difícil quando o índice geral de acidentes nas estradas é alto, não é mesmo? Por isso, manter os profissionais treinados para a operação logística e ter foco na prevenção ganha amplitude social.

Além da preservação da vida e da segurança da carga, ter motoristas capacitados ajuda a evitar ocorrências e sinistros com danos inclusive ao meio ambiente, já que muitos acidentes ocorrem em áreas de preservação ambiental.

Conheça as vantagens do Programa de Prevenção de Acidentes:

  1. Conhecimento ampliado e desenvolvimento de habilidades;
  2. Capacitação voltada à valorização do profissional e preservação da vida;
  3. Aumento da segurança pessoal;
  4. Mudança de comportamento e foco na prevenção de acidentes;
  5. Orientação de novos colaboradores em relação aos riscos;
  6. Melhoria nos indicadores de performance da empresa;
  7. Controle da operação com levantamento do histórico de sinistros;
  8. Acompanhamento dos profissionais e oportunidade de reciclagem;
  9. Redução de acidentes e ganho de produtividade;
  10. Direção defensiva e redução das distrações ao longo do trajeto;
  11. Aumento da previsibilidade em áreas de risco, com mapeamento de rotas.
  12. Controle da operação e correção pontual das não conformidades.

Lembre-se: assegurar o bem-estar dos colaboradores é uma das premissas na hora de implementar um PPA e a iniciativa está em perfeita sinergia com o que se espera das boas práticas de ESG.

Conhecendo o conceito, fica mais fácil colocar em prática!

Entendemos o que é uma empresa ESG, os princípios, como implementar o sistema, o impacto ESG nos investimentos, as melhores práticas ESG e como o Programa de Prevenção de Acidentes pode ajudar o setor de transporte e logística a cumprir o pilar social do ESG.

As empresas de transporte e logística que já possuem um Programa de Prevenção de Acidentes estão um passo à frente no princípio S e contam com possibilidades de criar novas ações sociais conectadas à filosofia de preservação da vida e cuidado com as pessoas.

A partir daí, é só implementar outras iniciativas sociais que trarão resultados sólidos revertidos em prol da sociedade e dos stakeholders, além de um forte diferencial competitivo para as companhias do setor logístico. Pense nisso!

Se você quer saber mais sobre conceitos aplicados à gestão logística, leia o artigo: Governança corporativa e compliance: como eles impactam na gestão logística?

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